Acordei com vontade de cronometrar pensamentos, e procurei fazê-lo com o rigor absoluto de quem traça construções geométricas, coisa que eu, pessoalmente, não suporto: um milímetro a mais ou a menos e já está errado, tais trapezistas bamboleantes e absortos de tudo o resto, se param para ouvir e cronometrar pensamentos, caem. A tal queda fatal, pois a determinados tipos de pessoa não são permitidos erros, e são aqueles que estão no topo, daí a considerá-los um pouco mais desumanos do que eu, que não estou de todo no cimo da montanha. Falta-me um pedaço, e as subidas cansam. Paro portanto para beber um compal de sabor a tutti-frutti e esqueço-me de agitar antes de abrir, como sempre esqueço, mas volto a lembrar-me quando sinto o sumo a descer pela minha garganta, e sabe-me bem. Já estou a contar. Uns duram milésimas de segundo, e não chego sequer a recordar-me deles, mas outros duram bastante tempo, enquanto outros arranjam uma tal forma de persuadir o meu cérebro a deixar-lhes um lugar, que então, lá estão eles, isolados de todas as outras partes, mas continuam a lá estar, e prendem-me por breves instantes. Uns segundos que me tiram vida e acrescentam-me morte, e ela é sorrateira e maldita, mas convidativa. Branca, e branco associo à paz e ao descanso eterno a que procuro ascender todos os dias; mas eu hei-de superá-la e descobrir o valor exacto do infinito, e hei-de escrever cem epopeias para glorificar tudo aquilo que fizeste por mim. Se é que de facto estou aqui por alguém ou por alguma coisa, que saibas agora que neste momento é por ti que estou aqui.
samedi, janvier 16, 2010
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