bolas para quem inventou a ética

Sinto-me sufocada com coisas que não existem. Alucinações que só vivem na minha cabeça. Imagino coisas irreais e esqueço-me do que existe realmente, como por preguiça. Antevejo os planos mais maléficos, como se toda a gente fosse macabra, como se os humanos por si só fossem criaturas do mal. E eu no meio deles, a querer ser aquilo que não posso ser, a querer ser mais do que o que algum dia poderei ser. Perante tais pensamentos fracos, não compreendo. As duas metades chocam e não combinam. O que sinto por dentro, e as minhas reacções. E tudo o que digo ou alguma vez direi não terá importância. Mas se me abstenho disto, não resta mais nada. Sou inútil, e que ninguém ouse dizer o contrário. Gostava de ser maior do que os meus treze anos. Odeio não poder ainda compreender o que está para além de mim. Por isso sofro com esta derrota, por nunca fazer o que está certo, por derramar lágrimas cada vez que penso nisto. Por sofrerem à minha culpa. Quero tanto ser livre, como poderei sê-lo se não sei ser firme, correcta? Sou inocente fora de idade, e finjo acreditar naquilo que há muito perdi. É como uma roda gigante, voltamos sempre ao mesmo lugar. Choro por isto e por mim. É suportável e não me leva a nada. Meu deus, sou tudo aquilo que não quero ser e não estaria certo de outra maneira. Por que motivo temos que passar por isto? De que me servem pensamentos que não me levam a lado nenhum? Vou até ao fundo e afogo-me em dúvidas. O passado persegue-me e assusta-me, mas parece que quem o persegue sou eu. Quero fazer o que é certo. Tão perto e tão distante, sinto-me tão impotente e incapaz. Tão miserável, banal. Tão triste, escusadamente triste porque tenho tudo e não o mereço. Tenho que lutar, ou perderei tudo aquilo que tenho. Começo a perder. E não dou o devido valor. Agora deixa-me chorar.